As impressões deixadas pelo Oscar 2012


Classificar a última edição do Oscar, ocorrida no domingo passado, de chata ou monótona não é de todo um exagero. Com a volta de um dos melhores mestres de cerimônia de todos os tempos, mesmo que Billy Crystal não estivesse lá bem inspirado, a Academia tentou apagar todos os vestígios deixados pelo evento de 2011, um desastre estratosférico, ao investir no clima de saudosismo de uma época onde a simplicidade e a magia do cinema não eram maiores que o senso comercial e voraz que paira na indústria hoje. Porém, em certos aspectos o que se viu foi um pouco mais do mesmo, as piadas velhas e ultrapassadas não poderiam faltar, sem grandes arroubos de criatividade e um formalismo explicitamente arcaico. Coisas de Hollywood.
Talvez a vitória de O Artista, que levou cinco estatuetas para a casa, incluindo melhor filme, a boa repercussão de A Invenção de Hugo Cabrett, também cinco troféus, e o triunfo da grande Meryl Streep, acumulando mais um Oscar em sua carreira, vieram a selar este pontual momento retrógrado.

Veja abaixo os vitoriosos da 84ª edição do Oscar:


Melhor Filme – O Artista

Melhor Diretor – Michel Hazavinicius (O Artista)

Melhor Ator – Jean Dujardin (O Artista)

Melhor Atriz – Meryl Streep (A Dama de Ferro)

Melhor Ator Coadjuvante – Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

Melhor Atriz Coadjuvante – Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

Melhor Roteiro Original – Meia-Noite em Paris, Woody Allen

Melhor Roteiro Adaptado – Os Descendentes, Alexander Payne

Melhor Filme de Animação – Rango

Melhor Curta de Animação – The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore

Melhor Direção de Arte – A Invenção de Hugo Cabret

Melhor Fotografia – A Invenção de Hugo Cabret

Melhor Figurino – O Artista

Melhor Documentário – Undefeated

Melhor Documentário Curta-Metragem – Saving Face

Melhor Edição/Montagem – Milleniun: Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Melhor Filme Estrangeiro – Separação

Melhor Curta-Metragem – The Shore

Melhor Maquiagem – A Dama de Ferro

Melhor Trilha Sonora – O Artista

Melhor Canção – Man or Muppet

Melhor Edição de Som – A Invenção de Hugo Cabret

Melhor Mixagem – A Invenção de Hugo Cabret

Melhores Efeitos Visuais – A Invenção de Hugo Cabret



Melhores Momentos:

* Apesar da vitória de Christopher Plummer ser prevista, foi muito bacana ver o octogenário ator ser consagrado depois de anos de carreira.

* Por mais que torcêssemos por Viola Davis, ver Meryl Streep se sobressair na Academia mais uma vez é muito bom. Uma grande atriz, que é um referencial para muitos na indústria.

* Sem ser um sucesso de bilheteria, O Artista confirmou seu favoritismo, conquistando o prêmio maior da noite. Tem todos os méritos.


Piores Momentos:


* Já está ficando manjada a participação do Cirque du Soleil em grandes eventos. Não tão impecável como outrora, o grupo de artistas apresentou erros crassos e não foi nada brilhante numa homenagem meio sem sentido à Sétima Arte.

* O time de atrizes coadjuvantes no ano não foi dos melhores, mas entregar o prêmio para Octavia Spencer é um atentado a credibilidade da categoria.

* Gosto não se discute, mas a sem sal Man or Muppet vencer como a melhor canção do ano é uma prova que a categoria não é levada a sério há muito tempo. A propósito: a reclamação nada tem haver com patriotismo (a música de Rio também não era grande coisa).


2 Response to "As impressões deixadas pelo Oscar 2012"

  1. Anônimo says:

    Realmente, o tom da cerimônia do Oscar 2012 foi de puro saudosismo, de um tempo e de um cinema que, na realidade, não voltam mais. Acho curioso também que os dois filmes mais premiados da noite, "O Artista" e "A Invenção de Hugo Cabret" entram nesse clima, nessa mesma temática. Além de vários vencedores da noite, como Woody Allen e Meryl Streep, que repetem vitórias depois de MUITO tempo.

    Enfim, achei um Oscar bastante justo e só de ver um filme excelente que realmente merece vencer o Oscar de Melhor Filme ganhando já é maravilhoso.

    Gilvan says:

    Nossa, Flávio, acho que sou um dos poucos espectadores do Oscar que não gosta do Billy Cristal, um ator sem brilho que faz as pessoas rirem por dever (dele e delas).
    Octavia Spencer é boa, mas não era a melhor, sem dúvida.
    Fiquei dividido, gostei de Viola Davis desde que a vi em Dúvida, mas queria que o prêmio fosse da Meryl Streep, afinal, já estava constrangedor tantas indicações e um prêmio ganhado há tantos anos.
    Bem, Viola que espere, pois Julianne Moore já deveria ter ganhado um Oscar há muito tempo e ela não está aí sem o prêmio até hoje.
    Gostei da vitória do Jean Dujardin, embora tenha ficado com um certo aspecto de jogo de indústria.
    Pensei que tivesse sido impressão a minha ver um artista do Cirque du Soleil errar o movimento e perder o sincronismo durante a apresentação.
    Abraços.

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